Investidor francês vai transformar em hotel o Mosteiro de Travanca

O Mosteiro de Travanca, em Amarante, foi adjudicado a Jean-Claude Frederic Frajmund, de nacionalidade francesa, para a instalação de um estabelecimento hoteleiro, no âmbito do concurso Revive.

A notícia foi divulgada pelo Ministério da Economia, que adiantou que o vencedor do concurso compromete-se a pagar uma renda anual de 27.618,00 euros, para a instalação de um estabelecimento hoteleiro de quatro estrelas, com cerca de 40 quartos. O imóvel será concessionado durante 50 anos para exploração para fins turísticos.

Situado no fundo de um vale e envolvido por inúmeras quintas características da região norte do país, o Mosteiro integra uma das mais belas torres medievais portuguesas e faz parte do percurso cultural da Rota do Românico.

O projeto turístico deverá aliar a história do imóvel e o ambiente medieval, ao conforto e sofisticação da modernidade, com uma componente de saúde e bem-estar. A abertura está prevista para o início de 2023.

O Mosteiro de Travanca é um dos 33 imóveis incluídos na primeira fase do Revive, um programa conjunto dos Ministérios da Economia, Cultura e Finanças com a colaboração das autarquias locais.

Mosteiro é um dos melhores exemplares do Românico do Tâmega e Sousa

O complexo carateriza-se por diversas particularidades, nomeadamente a igreja, fundada no séc. XIII, composta por três naves (um dos poucos exemplos em território nacional) e uma imponente torre defensiva, a primeira de duas que existem no concelho de Amarante (a segunda está em Freixo de Baixo).

Apesar da grande riqueza de espólio arquitetónico e artístico, tanto no interior como no exterior da igreja, a torre de Travanca (datada do séc. XIV) é o elemento que mais atenção tem captado entre os investigadores da arte românica. Evidentemente de desígnio militar, serviria também a função de “projetar”, num plano puramente simbólico, o domínio senhorial sobre toda a região.

À semelhança de muitos mosteiros da época, o complexo de Salvador de Travanca foi abandonado em 1834, pela Ordem Beneditina, na sequência de políticas liberais do Marquês de Pombal, que ditaram a extinção das ordens monásticas. Anteriormente, o mosteiro teria vivido outro período de decadência, em finais do século XV, quando monges comendatários substituíram os abades eleitos pela comunidade.

Votado ao abandono e à consequente profunda degradação – em que “nem as telhas escaparam”, segundo relatos da época – só começaria a recuperar em finais dos anos 30, graças a uma intervenção da então Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Com as obras concluídas em 1939, o amplo complexo arquitetónico assumiria, então, novas funções, nomeadamente como dependência hospitalar, que ali funcionou durante 50 anos. Adicionalmente, serviu a comunidade local como cadeia e escola, onde muitos dos habitantes de Travanca aprenderam a ler e a escrever.

Em 2010, a igreja do Mosteiro foi integrada na Rota do Românico, sendo entre 2013 e 2014 alvo de nova intervenção, nomeadamente na conservação de pavimentos, coberturas, escadas e mobiliário.

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