Nova travessia planeada para o Ovelha junto à Ponte do Arco

Uma nova travessia sobre o Rio Ovelha, na Folhada, vai ser integrada num projeto de requalificação e valorização da área envolvente à ponte medieval do Arco, anunciou no sábado o vice-presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, Bruno Magalhães.

O anúncio foi feito no âmbito de uma palestra organizada pela Rota do Românico que reuniu, junto ao monumento classificado com imóvel de interesse público, representantes das várias entidades responsáveis pela sua recuperação.

Iniciadas há um pouco mais de um ano, as obras de restauração sofreram uma série de atrasos quando se descobriu, após o levantamento de um piso de betão instalado em meados dos anos 80, que a ponte estaria com sérios problemas estruturais e que seria necessário proceder ao desmonte da estrutura.

“Era praticamente impossível saber o que estaria por debaixo da laje de betão sem ter que proceder ao desmonte”, revelou Miguel Malheiro, responsável pela equipa projetista. O arquiteto salientou que a ponte apresentava fissuras e que o projeto teria que ir para além da substituição do piso em cimento por uma calçada de granito.

No âmbito dos trabalhos, concluiu-se que a estrutura teria sido elevada, em ambas as extremidades, em mais de um metro acima do piso original para facilitar o trânsito automóvel que ali passou, ao longo de várias décadas.

Numa análise mais aprofundada, concluiu-se que se estava perante uma estrutura quase única do seu género, tanto em Portugal como praticamente em toda a Europa.

Francisco Fernandes, Escola Professional de Arqueologia do Freixo, salientou a importância histórica deste local, referindo-se à existência de uma série de estruturas envolventes à Ponte de Arco, nomeadamente um castelo roqueiro medieval, moinhos de água e sepulturas escavadas nas rochas.

“Hoje em dia, não é fácil encontrar um sítio com estas condições que demonstrem a conjugação do trabalho do homem com a Natureza”, adiantou.

Não haverá trânsito automóvel na Ponte do Arco

O encerramento da travessia continua a causar alguns transtornos à população local, que tem que se desviar por Amarante para se deslocar ao resto do concelho de Marco de Canaveses. Cristina Vieira, presidente da Junta de Freguesia de Folhada, Várzea de Ovelha e Aliviada salientou que há problemas na entrega de pão e correio, por exemplo, e pediu celeridade no processo.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, justificou que perante os factos apresentados pelas entidades ligadas à recuperação, a autarquia decidiu que a travessia seria para manter no estado primitivo e de uso pedonal exclusivamente. O edil assumiu que a decisão acarreta problemas, nomeadamente para a população local que se encontra cortada do resto da freguesia, mas sublinhou que “o património falou mais alto”.

Segundo o autarca, o Município vai avançar com a recuperação da Ponte de Várzea, a jusante do local. Para o Arco, anunciou a elaboração de um projeto para a construção de uma nova ponte e da valorização de toda a envolvente ao monumento, mas sublinhou que a autarquia não pode avançar com a construção por si só e que será essencial a participação de várias entidades no financiamento da obra.

CONTINUAR A LER

Deixe um Comentário

Pode Também Gostar